quarta-feira, 2 de maio de 2012

"Perfeitamente Imperfeito" - 2º Capitulo



" A noite fria decorria lentamente, como se fosse um pequeno caracol. Tudo parecia longe e distante.
No meio de tudo aquilo eu desvanecia-me como o Sol fizera ao anoitecer, mas o Sol tinha uma certeza. O Sol sabia que iria voltar mas o mesmo podia não acontecer comigo.
Provavelmente perder-me-ia no meio de todos aqueles monstros, pesadelos, de todos os meus medos. Podia não acontecer naquela noite mas eu sabia que esse dia chegaria e eu nada poderia fazer para ficar. Tinha simplesmente de me deixar ir, caminhar no meio da escuridão, sem luz...
Naquele momento da minha pequena e curta passagem por este mundo já ninguém me podia salvar, nem mesmo os que estavam mais próximos de mim. Tinha-me envolvido demasiado e não havia maneira de sair.
Sabendo o que sabia, deixei-me ir, fechei os olhos e mentalizei-me que já não voltava, que aquele tinha sido o meu último dia ali e que agora partiria para outro sítio.
Pensava nisto quando algo quente e luminoso me alcançava. Abri os olhos lentamente, com medo do que pudesse ver e apercebi-me que era apenas o Sol.
Tal como ele, esta noite eu ainda voltara mas talvez na próxima fosse definitivamente o meu dia, a minha hora de partir e deixar a luz e o conforto a que me habituara. "

Estava comovida. Os textos dele eram bastante bons mas ele só me os mostrava a mim. Tentará convence-lo a, no mínimo, publica-los num blog já que ninguém saberia que ele era mas a ideia parecera-lhe disparatada.
A aula ainda estava no inicio, concentrei-me e consegui acompanhar a matéria.
Quando tocou para a saída, a Íris virou-se para mim:
- Estavas a ler o quê no inicio da aula?
- Nada de especial... - menti. - Vamos ter com o Tomé?
- Vamos :)
Fomos ter com ele ao nosso sitio normal. Um recanto da escola onde havia uns bancos em que nos podíamos sentar.
- Como correu a aula de Matemática? - perguntou-nos na brincadeira.
- Uma grande seca! Se eu quisesse ter matemática tinha ido para o curso de Ciências mas não... Acham todos que a Matemática é muito importante e nós temos que levar com ela. Se fosse como no tempo dos meus avós é que era: só contas e pouco mais. Agora quem quer lá saber de Trigonometria e Probabilidades?! - respondeu a Íris que odiava matemática.
Eu e o Tomé rimo-nos com o seu comentário.
- Não se riam com o que eu disse! Até parece que não tenho razão?! - disse um pouco amuada por nós termos rido em vez de concordarmos com ela.
- Oh Íris tens de ter calma. A Matemática não é assim tão difícil. - tentei explicar.
- Pois isso dizem vocês que percebem aquilo. Agora eu e os números não conseguimos conviver de maneira alguma! - disse.
- Já chega de falar de Matemática. - disse o Tomé.
- Sim, tens razão. Já falamos tanto em Matemática que até fiquei com fome. Vou ao bar, vêm? - perguntou a Íris a mim e ao Tomé.
- Não obrigada ficamos aqui. - respondi.
- Até já! - despediu-se a Íris.
Queria ficar sozinha com o Tomé para podermos falar novamente acerca dos textos dele.
- Já li, esta muito bom. - disse ao entregar-lhe o caderno.
- Nada de especial, como todos os outros. - respondeu-me.
- Tomé, tu escreves lindamente! Não percebo como é que duvidas disso. Devias partilhar os teus textos.
- Lê-los? Não, eu não tenho coragem Lú.
- Mostra-os à tua professora ou então publica num blog.
- Já disse que não! Não insistas!
- Ok, tem calma Tomé. Estava apenas a dizer o que acho... - disse.
- Desculpa. - pediu-me.
- Não faz mal :)
A Íris veio ter connosco novamente. Na mão trazia um bolo daqueles cheios de creme.
- Depois dizes que estás gorda! - disse-lhe.
- Oh... Deixa! Na natação queimo estas calorias todas :b
- É o que te safa minha menina :b - respondi.
Ficamos os três a falar até tocar.
Depois o Tomé foi ter Matemática e eu mais a Íris educação física.
Equipamo-nos nos balneários e durante a aulas fizemos ginástica.
À tarde também tivemos aulas.
Quando estas finalmente acabaram voltei para casa.
- Alguém em casa? - gritei.
- Eu maninha! - respondeu-me a minha querida irmazinha, a Melanie.
- Esqueci-me que não tinhas aulas à tarde e vinhas mais cedo para casa.
- Não faz mal.
- Já lanchaste Mel?
- Não, estava à tua espera.
- Oh que querida que me saíste :b Queres comer o quê, ó tonho?
- Torradas e leite.
- Faz tu! Aahahah- respondi-lhe.
- Mesmo má! Mas ok, queres que faça para ti? - perguntou-me.
- Já que te ofereces pode ser.
Ela lá fez o lanche e chamou-me para a cozinha para comermos.
Por voltas das 17h 30 saímos de casa pois tínhamos ambas natação à 17h 45 .
- Mel, porque é que fizeste o lanche para mim? O que me queres pedir? - perguntei, pois o seu gesto de bondade tinha algum pedido por trás e eu já desconfiava do que era.
- Posso ir contigo logo à festa? - perguntou.
- Já sabia que ias pedir-me e como até te tens portado bem já pensava em levar-te.
- Obrigada maninha! - abraçou-me.
- De nada minha irmã graxista :b
- E podemos levar o Kiko também? - perguntou esperançosa.
- Claro que sim, nem te deixa ir sozinha se ele não fosse também. Ao menos sempre toma conta de ti.
- Acho que é mais ao contrário ahahah. - respondeu.
Rimos ambas pois relembramos-nos de todas as doidices de que o Kiko se lembrava de fazer.

Gostam? Continuo?

P.S. : A parte inicial deste capitulo está entre aspas, mas é porque é um texto muito grande e ela estava a ler em voz baixa e não porque foi tirado da internet. O texto é da minha autoria :)

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