quinta-feira, 17 de maio de 2012

"Perfeitamente Imperfeito" - 5º Capitulo


Os meus pais chegaram ao sítio onde eu estava e vieram ter comigo.
A minha irmã tinha ficado em casa da minha avó, pois não convinha leva-la para ali.
- Como estás Lúcia? – perguntou-me a minha mãe, aproximando-se.
- Oh mãe… - levantei-me e abracei-a.
- Calma filha, vai correr tudo bem. – sussurrou-me enquanto me abraçava também.
Depois o meu pai chamou-nos e fomos para o hospital onde o Tomé estava.
Ao chegarmos vi os pais dele sentados na sala de espera. Aproximei-me com um pouco de medo.
- Desculpem. Talvez se ele não tivesse ido ter comigo nada disto tinha acontecido… - disse-lhes.
- Lúcia não te culpes. Isto é algo que não podias, nem podes controlar. Não tens culpa que existam pessoas que andam a alta velocidade. Aconteceu ao Tomé mas podia ter acontecido a qualquer outra pessoa, qualquer pessoa que atravessa-se a estada naquele momento. – respondeu-me o pai dele.
- O Tomé gosta bastante de ti e eu sei que ele não ia querer que te sentisses culpada pelo que aconteceu. Não o podias controlar, querida. – terminou a mãe dele.
- Obrigada. Já se sabe alguma coisa? – perguntei.
- Continua em coma… - respondeu-me o pai do Tomé.
Sentei-me ao lado deles e os meus pais também ficaram lá.
Era estranho… Os pais do Tomé estavam bastante calmos com tudo aquilo, talvez por saberem que tudo ia ficar bem. Sim, eles sabiam que ia ficar e eu tinha de acreditar que ia ficar, tal como eles o estavam a fazer. Pelo Tomé… Ele ia ficar bom e eu ia voltar a estar novamente com ele, era nisso que tinha de me concentrar e não em pensamentos pessimistas.
O tempo passava e nada de notícias. Já há 5 horas que ali estávamos mas ninguém tinha coragem para dizer uma palavra que fosse. Eram 21h e eu ainda não comera nada.
- Anda comer. – disse a minha mãe.
- Não quero. – respondi pela milionésima vez.
- Lúcia não podes ficar sem comer.
- Ai já disse que não tenho fome, não sejas chata mãe. – respondi já bastante irritada.
A minha mãe já não insistiu mais. O médico passou no corredor e eu corri até ele, enquanto todos continuavam sentados.
- Já sabe alguma coisa? – perguntei com alguma esperança.
- Não, continua em coma. – respondeu-me.
- Posso ir vê-lo, por favor?
- Era disso que vinha falar com os pais do menino Tomé. Só pode entrar uma pessoa.
Aproximou-se dos pais do Tomé e dos meus também.
- O Tomé já pode receber visitas mas apenas uma pessoa, quem vai? – perguntou o médico.
- Podes ir Lúcia. – disse-me o pai dele.
- Não… A mãe do Tomé deve querer ir. – respondi.
- Não querida, podes ir! Asserio… - convenceu-me a mãe dele.
- Ok, e obrigada.
Segui o médico pelo corredor até ao quarto do Tomé, e entrei. O médico saiu deixando-me ali sozinha com ele.
Ao vê-lo ali deitado de olhos fechados e tão sossegado as lágrimas vieram-me aos olhos. Peguei no banco que estava ao pé da porta e levei-o para perto da cama onde ele estava deitado, sentando-me.
Agarrei-lhe a mão.
- Tomé volta por favor! Sabes que preciso de ti, todos precisamos… Eu, os teus pais, a Íris, os teus amigos, o resto da tua família. Tens de acordar e de ser forte, e eu sei que és, és mesmo muito apesar de não acreditares nisso. – disse falando para ele.
Claro que sabia que ele estava em coma, mas talvez de alguma maneira eu sentia que ele me ia ouvir, que ele ia fazer o que lhe pedira.
Não falei mais, apenas continuei ali, sentada a observá-lo… Ele era bastante importante, e apesar de ser um pouco tímido era bastante divertido quando o começávamos a conhecer melhor. Ele era simplesmente o meu melhor amigo e eu não ia suportar perde-lo, nunca!
Bateram à porta e uma enfermeira entrou.
- Menina, tem de sair… - avisou-me.
- Saio já. – respondi, levantando-me .
Dei um beijo na cara ao Tomé e sai. Fui novamente para a sala de espera e ao chegar só vi os pais do Tomé.
- Os meus pais? – perguntei.
- Eles foram embora, e pediram para te avisar-mos que quando estivesses despachada para ligares que te vinha buscar. – disseram-me.
- Ah, não é preciso ligar. Vou ficar aqui durante a noite. – respondi sentando-me.
- Não vais não. Eu e o pai do Tomé também vamos para casa, não vai adiantar nada ficarmos aqui, sem descansar. Amanhã voltamos. – disse a mãe dele.
- Eu fico. – disse novamente.
- Não, tu vens, ninguém fica cá. Nós levamos-te a casa, anda! – disse o pai do Tomé.


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